Fundação Liga - 60 Anos, a Celebrar o Prazer de
Existir
«“No Prazer de Existir”, a Humanização da
Vida»
Augusto Deodato Guerreiro
(Blog: deodatoguerreiro.blogspot.pt)
Resumo:
Ser
feliz é ter prazer no existir. O grande psiquiatra,
psicanalista, pedagogo, investigador e humanista João dos Santos era feliz na
sua naturalidade humanística, no seu saber humano e científico, na sua determinação e competência
investigacional, na sua destemida ação e atuação interventiva, fomentando e
promovendo investigação e desenvolvimento para o bem-estar e qualidade de vida
à sua volta, muito em especial dos detentores de problemáticas severas da
deficiência, que os condicionam ou impedem na sua sobrevivência normal, para
poderem viver uma vida análoga à das pessoas epitetadas de escorreitas.
Amar é
humanizar a vida. João dos Santos empenhou-se, com inegável e
bem visível desempenho e êxito, na humanização da vida, acordando consciências e despertando comportamentos,
assim criando e implementando metodologias estratégicas e humanas para o
acolhimento e proteção, educação e formação dos cidadãos mais frágeis e
carenciados de intervenção precoce, na infância e ao longo da vida (incluindo
as respetivas famílias), deste modo propugnando pela cidadania e equidade em
direitos e oportunidades no bem-estar biopsicossocial e qualidade de vida de
crianças, adolescentes, jovens e adultos com graves incapacidades e
desvantagens sociais.
Amar e
ser feliz é um privilégio humano e conceptual que nos acompanha e
caracteriza desde o fundo dos tempos, mas em que temos por vezes dificuldade em
embarcar e fazer dela o comboio em andamento permanente e vital das nossas
vidas… da existência de todos nós. João dos Santos soube entrar e entrou nesse
comboio, redimensionou-lhe a locomotiva (nela colocando a sua enérgica
compassividade e um vigoroso motor coevolutivo) e algumas carruagens
abandonadas ou esquecidas (dotando-as da classe conforto e das específicas
acessibilidade e usabilidade), para que nelas todos, sem exceção, possam viajar
tranquilamente e na igualdade em cidadania, direitos, deveres e circunstâncias.
Para que haja prazer no
existir, temos de ter sensibilidade, capacidade e competência,
vontade e querer, determinação e irreversibilidade de ação e atuação para
sabermos condensar e concretizar virtudes afetivo-emocionais e/ou valências
humanas férteis (consciências que acordamos e sequentes comportamentos que
despertamos) para provocar e motivar, promover e compartilhar saberes e
felicidade à nossa volta. Ninguém consegue ser feliz com infelicidade em seu
redor. Só há felicidade se a semearmos e a cultivarmos à nossa volta.
«O
segredo da felicidade está na liberdade
e na verdade, na coragem e no compromisso
humano para, de forma abnegada e natural, entendermos e incorporarmos em nós
mesmos, promovermos e partilharmos no meio envolvente esse polinómio em interajuda permanente com os que, pelo menos de
algum modo e independentemente das suas desvantagens ou maleitas, interagem
connosco… ou fazemos interagir consigo próprios, connosco, com a vida.»
(Guerreiro,
A. Deodato, Feijó: 25 de Junho de 2011).
Para humanizarmos a vida temos de
ser capazes de conciliar, enérgica e entusiasticamente, todas estas sinergias
(endógenas e exógenas), valorizando, eticizando e solidarizando-nos na invenção
e partilha de metodologias estratégicas e humanas interventivas para nos
humanizarmos mais e humanizarmos mais a vida.
Amar e fazer amar é humanizar
a vida e, assumindo de maneira indómita e interventiva essa
prerrogativa, ser feliz é ter inquestionável prazer no existir.
Só amamos a vida e temos
prazer no existir,
a) Sobrepondo a generosidade e a gratidão,
a inteligência emocional e a salutar promoção da consensualidade, a justiça e a
paz às intempéries da desordem e dos
desentendimentos, dos totalitarismos e fundamentalismos...
b) Sobrepondo, implicitamente também, o
amor e os afetos, a liberdade e a verdade, a esperança e a tranquilidade, a
solidariedade e a partilha aos
egoísmos, oportunismos e avarezas...
«Para
que a humanidade se ache em dignidade e frutifique em amor neste mundo de
dúvida, complexo e perplexo, só temos que amar e fazer amar! Mas para que este
sentimento dinamizador, ou este sentimento e esta ação intrinsecados um no
outro resultem, temos de alicerçar esta realidade, o amar e fazer amar, numa
determinação segura e disciplinadora, impulsionadora e reguladora desta
convicção ativa e benéfica»
(Guerreiro,
A. Deodato, Lisboa: 20 de Setembro de 2011).
«O mal escondido na grande
maioria dos corações humanos pode surpreender-nos nas mais diversas formas.
Porque temos, numa generalidade, uma natural tendência para a crueldade (por
sermos essencialmente maus), essa natureza cruel só é minimizável através da
reflectida e séria celebração estratégica de pactos sociais e políticos, educomunicacionais
e culturais, pedagógicos e de sensibilização pública, para o estabelecimento de
entendimentos na ética e humanização da vida.»
(Guerreiro,
A. Deodato, Feijó: 10 de Julho de 2012).
“O
prazer de existir está na naturalidade do amar e do fazer amar”.
(Guerreiro,
A. Deodato, Lisboa: 10 de Outubro de 2016).
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